A amizade sem data
A aproximação foi num encontro de jovens. Ficámos logo amigos. Nesse tempo, escrevíamos cartas, muitas e extensas. Era assim que todas as semanas íamos sabendo um do outro, apesar da longa distância entre a vida dela e a minha. Partilhávamos as coisas boas e também as preocupações das nossas vidas. Era um tempo, em que a chegada do carteiro era aguardada com entusiasmo. E mantivemos esta amizade epistolar durante bastante tempo. Não nos encontramos muitas vezes, mas apesar disso a escrita ia alimentando esta amizade. Uns anos depois reorganizamos as nossas vidas e deixamos as cartas e deixamos de saber um do outro. Construímos as nossas vidas, casamos, tivemos filhos e a memória foi-se apagando. Há pouco tempo decidi procurá-la. Até foi fácil. A lista telefónica na net. Um primeiro telefonema. Um pouco a custo expliquei quem era e ao que vinha. Não foi fácil refazer a memória. Foi grande a surpresa dela, que naturalmente não esperava tal contacto da minha parte. Eu já estaria na lista ...