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A mostrar mensagens de setembro, 2009

A Recuperação [8]

E depois desta operação ao coração, foi cerca de um mês e meio para recuperar. Primeiro em Odivelas e depois em Santa Cruz, onde o mar, o Sol e o pouco calor, ajudaram muito nesta recuperação. Muitos medicamentos para tomar, e o regresso aos poucos à actividade fisíca. Uma das coisas a controlar, é a velocidade de coagulação do sangue. Para isso, preciso de fazer regularmente uma recolha de sangue, para medir o Tempo de Protrombina (TP). Existe um método de determinação internacional, designado por INR (Rácio Internacional Normalizado), que é o TP corrigido a padrões mundiais. O valor do INR é a informação chave, para se poder escolher a dose mais correcta do medicamento anticoagulante oral, Varfine, que terei de tomar até ao fim da vida . Existe um intervalo no qual os valores de INR terão de se manter para que a terapêutica tenha sucesso. O Varfine, nome comercial, tem como ingrediente activo a Varfarina sódica, um anticoagulante oral, que impede a acção da vitamina K, substância

Encontrar Deus [7]

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Passados 5 dias da operação, saí do Hospital e fui para casa recuperar. À saída encontrei Deus ! Calma, não penssem que lá pelo facto de ter feito uma recauchutagem ao coração já passei a ver e a falar como a Alexandra Solnado... Enquanto estive inconsciente, quando me iam mexendo no interior, não me lembro de ter tido qualquer contacto com o além. Mas de facto, à saída, simplesmente num Audi estacionado em cima do passeio, mesmo junto ao Hospital, cá estava este Deus. Fez-me lembrar os muitos jogadores de futebol, que à entrada no campo se benzem abundantemente, pedindo a protecção e ajuda divina para o jogo. Mas como são todos a fazer os mesmos gestos, eu imagino o que será a confusão no Céu para saber que equipa apoiar.

Uma questão de Sorte [6]

Uma das vantagens de estar numa enfermaria é poder ver televisão. E se os meus companheiros não estiverem muito interessados até posso escolher o canal. Foi o caso. E assim o melhor é escolher a RTP1, em vez das desgraças da TVI e os escândalos da SIC. Pelo menos é o que me ocorre dizer sobre os lomgos programas da manhã e das tardes. Por esses dias houve a tragédia da Praia Maria Luísa, em Albufeira. 5 portugueses, com falta de sorte, morreram devido à queda das arribas. O mais impressionante, naquele dia e seguintes, foi ver as entrevistas a outros portugueses que assumiam o mesmo tipo de riscos, noutras praias, colocando-se à sombra de outras arribas, argumentando que não fazia mal, que não iria acontecer outra vez, e que já lá tinham estado tanta vez e nunca tinha acontecido nada. Que o problema dos que morreram foi a falta de sorte. Uns dias mais tarde ouvi umas declarações do Pauleta a propósito da falta de sorte da selecção nacional por não marcar golos, que tanta falta fazem

Nos intermédios [5]

Antes de chegar a uma normal enfermaria, passei 1 dia nos Cuidados Intermédios. Aqui a aparelhagem de controle é menor, e estamos a meio caminho para a saída. Continuam os apitos, mas chegou a comida, e finalmente a hipótese de beber pequenas quantidades de água. Que alívio, finalmente! Afinal passou tão pouco tempo, mas a falta de líquidos, pela boca, é desesperante. Claro que estava a ser hidratado e alimentado de outras formas, com as minhas conhecidas garrafas de soro. Aqui já comecei a mexer-me um pouco, para ver se estava tudo no sítio. As visitas dos familiares são também mais demoradas e finalmente comecei a perder alguma tubagem. De qualquer modo a higiene e limpeza ainda é feita deitado na cama. Ou seja, tratado como um lorde. Só nessa altura pude ver que tinha uma costura (interior) com cerca de 18 cm, muito bem feitinha , na opinião de umas enfermeiras, entendidas no assunto.

O regresso [4]

Da minha passagem pela UCI recordo poucas coisas. É a vantagem de estar mais para lá do que para cá. Fiquei por lá 20 h. Tinham-me avisado de que iria acordar entubado. Mas afinal havia ainda um outro tubo, que entrava pelo nariz, uma sonda naso-gástrica, que creio que serve para retirar algum entulho que se possa acumular no estomâgo, e que possa estar a estorvar. Além deste ainda tinha dois tubos a drenar para um garrafão e que iam vazando as impurezas que se acumulam durante a operação, além da algália. Mas o mais difícil foi a sensação de sede. Só me vinham à minha pouca memória, na altura, os filmes Lawrence da Arábia e O Paciente Inglês e as suas imagens de pessoas no deserto a morrer de sede. E eu não podia beber água. Restou-me a fraca consolação de me molharem os lábios (gretados) com uma esponja molhada. O resto, à minha volta, eram os monitores que vão dando indicação do estado geral, tensão arterial, pulsação e outros dados que ajudam a equipa de vigilância, a manter tu

A Operação [3]

Acordei bem e preparado para o grande dia da operação [14 de Agosto de 2009]. A família veio fazer as despedidas e avaliar o meu estado de espírito. Ao sair do quarto, com aquela touca que se via na foto, já eu estava mais para lá e disse algumas coisas de que não me lembro nada. Parece que falei num isqueiro e na hipótese de em caso de não voltar, que fizessem a minha cremação e de colocar as cinzas nos sítios em que já tinha comunicado na véspera aos meus filhos. A operação durou cerca de 2 horas e meia. O pessoal da recepção foi extremamente simpático com a minha família. Disseram-lhes para irem dar uma volta e voltarem mais tarde, e se ainda não houvesse notícias que perguntassem. E vendo passar o tempo, foi feito um telefonema para o bloco e de lá veio a notícia de que tudo estava a correr bem, mas ainda demorava. É aquilo que as famílias aflitas querem saber. Mas o melhor foi quando, acabada a operação vieram os médicos intervenientes , Dr. Rui Rodrigues e Dra . Marta Marques, ex

A Preparação [2]

À tarde, depois de me ter sido atribuída uma cama, vesti a roupa de doente. Sim porque isto nos hospitais, tal como já referi nas histórias passadas no Hospital Pulido Valente, há fardas para tudo. E o doente é aquele que veste um pijama. A anestesista e mais tarde um médico vieram explicar-me o que se iria passar no dia da operação. Uma das curiosidades foi o de saber que iria acordar na Unidade de Cuidados Intensivos, e que não me preocupasse, porque teria um tubo enfiado pela goela abaixo, e que isso seria normal. Ou seja não tinha morrido e não estava na fase de ressuscitação . Tive também outras explicações sobre a prótese aórtica a colocar (e também da hipótese de se fazer apenas uma reparação na existente). Chegada a hora da janta, recebi alguns medicamentos para tomar, o Tantum Verde para desinfectar a boca e o Mycostatin para bochechar e engolir, e dois clistéres... Olá, então dão-me o jantar e querem que eu fique limpo logo a seguir? É assim o protocolo. Também tive de tomar