Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2009

Desenrascanço [6]

Há pouco tempo foi notícia o facto de um qualquer instituto inglês andar à procura de palavras e conceitos que faziam falta na língua inglesa. E a primeira das palavras que acharam que seria imprescindível, era a da típica atitude portuguesa do desenrascanço . Até era dito que este mesmo conceito era ensinado nas universidades portuguesas. Efectivamente damo-nos bem com esta atitude, que serve muitas vezes de escapatória para a nossa típica falta de planeamento e programação adequada. Mas vamos vivendo assim, e nalguns países esta característica é bem apreciada nos portugueses. Esta madrugada, houve por aqui algum alvoroço. De um momento para o outro apareceram três novos doentes enviados pela urgência do Hospital de Santa Maria. E foi a mobilização geral, médicos, enfermeiras, auxiliares, para fazer análises e medidas disto e daquilo e para a colocação adequada destes novos doentes. Mas não havia vagas nos quartos. Procuraram-se outras camas noutros serviços e dali a pouco, os 3 foram

A fase da Anatomia de Grey [5]

Imagem
Um destes dias fui assaltado por uma grande equipa de estudantes de medicina, que até parecia o pessoal da Anatomia de Grey . Eram seis miúdas e apenas um miúdo. Assim se vê quem é que estuda mais e consegue entrar para Medicina. Os gajos perdem muito tempo com as festas e com os copos e são facilmente ultrapassados pelas gajas, na difícil corrida para Medicina. Pediram-me, muito delicadamente para eu me despir da cintura para cima, e tendo o cuidado de aquecer o estetoscópio, aqui andaram a apalpar, à procura do som do sopro do meu coração . Não foi fácil. Pelas conversas entre eles percebi que não era evidente a audição de um coração atrapalhado como o meu. Mas é assim que se vai começando a conhecer estas patologias. No final perguntei-lhes se eles se pareciam de alguma forma com os actores da Anatomia de Grey , mas uma delas disse-me logo que a realidade é muito diferente da ficção televisiva e que eles não eram tão promíscuos...

O Roupão da EDP [4]

Imagem
Em Novembro passado, participei num dos grandes encontros de colaboradores da EDP, no Pavilhão Atlântico. O pessoal chama a este encontro, o Encontrão . Naquele em que participei estavam cerca de 3 000 trabalhadores. No final como é habitual houve uma entrega de prendas e desta vez, coube-nos um roupão branco, em turco, com o símbolo do sorriso da EDP . O roupão lá ficou guardado em casa, mas sem grande utilidade. Pela manhã, depois do duche o que interessa é uma secagem rápida e vestir a farda do trabalho, fato, camisinha, gravata, etc. e tomar o pequeno-almoço e ala para o Metro para ir para o Marquês. A bem dizer nunca tinha utilizado o roupão para ficar refastelado em casa a secar de um qualquer mergulho na banheira. Mas aqui no Hospital cada um dos intervenientes tem a sua própria farda. Os doentes vestem pijama e por cima, às vezes, um roupão ou robe. E é aqui que entra o roupão da EDP. E o jeito que ele me tem feito. O facto de eu ter usado o roupão com o símbolo da EDP, além de

O Internamento [3]

E aqui estou eu, na sala 4, no meio de dois jovens de 88 e 75 anos, que aqui estão também para fazer reparações à máquina. Trata-se de um quarto para 3, com vista para as traseiras do Estádio de Alvalade, o que me vai permitir acompanhar as futuras vitórias em casa dos leões. Temos um lavatório no quarto e casa de banho fica ao fim do corredor. Só eu é que mexo bem, porque os outros dois colegas não se podem movimentar sem ajuda. O que quer dizer que tenho vantagens na ida para a casa de banho, nem é preciso correr Temos uma TV LCD, mas com uma imagem um bocado difusa. Todos os dias, e qualquer hora do dia, recebo uma dose de comprimidos, e os antibióticos injectáveis (penicilina e gentomicina). No 2º dia, fui picado 4 vezes, 2 em cada braço, para tirar sangue, e agora tenho uma estrutura de entrada permanente para se poder injectar os antibióticos, o que já é uma boa ajuda. É um bioneter (cateter endovenoso periférico). É que eu com as minhas gorduras vou escondendo as veias o que tor

O Diagnóstico [2]

Imagem
Mas na 6ª feira, 17 de Abril à chegada, fui logo ter com a Luísa Severina, para ver como poderíamos atacar isto de vez. E fui mais uma vez ao Médico de Família da EDP, em Loures, dr. Manuel António, e foram mais uns dias dedicados radiografias, análises de sangue e urina, e com uma novo antibiótico. Na consulta de Pneumologia no Hospital Pulido Valente com a drª Ana Mineiro, ficaram despistados quaisquer problemas pulmonares, a que se juntam anteriores despistagens de quaisquer problemas ao nível biliar, próstata, rins, etc. Uma crise de tosse e febre sem fim à vista e sem causa aparente. Foi então que consultamos o cardiologista dr. Nuno Lousada que ao fazer em Eco-Cardiograma apontou logo para problemas agravados com o meu coração . Ele já tinha problemas conhecidos, insuficiência aórtica, hipertensão, que vinham a ser acompanhados desde 2000 pela drª Susana Longo. No dia seguinte, 5ª f, 23.Abril.09 fomos ter ao serviço de cardiologia do Hospital Pulido Valente para nova observação.

As Aventuras de um Coração Atrapalhado [1] O Início

Tudo pode ter começado com a retirada de um dente. Um dia desapareceu a massa que cobria o seu interior assim como um pouco do próprio dente. E a médica disse que não havia nada a fazer. Ou seja tinha de retirar-me este dente amigo de há pelo menos 45 anos. Fiquei triste e disse-o aos amigos da EDP com quem costumo almoçar. Os dentes são um instrumento fundamental das nossas vidas. Daí que passemos no dentista a tratar de alguns maus-tratos que vamos dando aos dentes. São as cáries, a desvitalização, a colocação de massas de recauchutagem, que antigamente se chamavam “ chumbar um dente ”. Mas isto de irmos perdendo equipamento essencial não era nada bom. Fiz tratamento com antibiótico, mas passadas umas semanas comecei a ter períodos de febre. Depois apareceu uma tosse seca intensa que até serviu de música de fundo num Encontro de Quadros, realizado em Gaia, da minha direcção que se dedica a projectar e construir as infraestruturas eléctricas da EDP Distribuição. Mal conseguia falar e