11 de Setembro - Hoje

As diversas histórias que fizeram História a 11 de Setembro, continuam a marcar a gente da minha geração. O golpe de Estado no Chile foi o fim de uma promessa de democracia, que poderia vir a modificar o panorama da América Latina da época, dominada por diversos ditadores. O desmoronar das torres gémeas vinte e oito anos depois, veio pôr em causa de uma forma global, a segurança de quem acredita que os sistemas democráticos, são espaços de diálogo e participação que nos punham a salvo de quaisquer extremismos, a que só estávamos habituados a ver e a sentir à distância de um telecomando de TV.
Após o telefonema de alerta do meu filho, e a corrida à TV, para tentar perceber o que tinha acontecido, aos poucos, fomos, eu e os meus colegas de trabalho, apreendendo a triste realidade que estávamos a viver, em directo pela TSF e pela televisão. A descrição do que ia acontecendo era como num filme de acção, em que cada uma é mais espectacular que a anterior. Na altura em que comecei a ver o que se passava, ainda só uma torre do World Trade Center, em Nova York tinha sido atacada.
Que mais estará para nos acontecer. A sucessão dos acontecimentos que então passaram pelos nossos olhos, não tem nenhuma descrição racional. Como disseram as filhas de uma amiga, a mais velha de 8 anos, ficou impressionada porque afinal era mesmo um filme a sério. A mais nova, de 4, apenas achou estranho porque é que estavam a passar o mesmo filme em todos os canais...É esta de facto a realidade audiovisual com que convivemos nestes dias, ditos de um novo milénio.
À noite a triste realidade, a ameaça de uma possível 3ª Guerra Mundial pairava nos espíritos. Aliás começou-se a falar na 1ª Guerra do Terceiro Milénio. Em especial pela irracionalidade e pela falta de um inimigo visível. Situação que se veio a manter durante toda a semana seguinte. Milhares de mortos, de dezenas de nacionalidades. Fomos todos atacados.
Mais tarde, este dia começou a ser designado, como o Dia que Mudou o Mundo. Isso é o que viremos a ver com o tempo...

Uns dias depois, fizemos três minutos de silêncio, pelas vítimas do terrorismo, à porta da sede da empresa. Comigo estavam também dois colegas marroquinos. Foram então momentos muito sentidos.
Depois foram as vigílias de oração pela Paz, promovidas por diversas organizações com a presença de outras comunidades, a islâmica, a judaica,…
Foi então salientada a necessidade de aceitar as nossas diferenças, pondo de lado os preconceitos, os fanatismos, as indiferenças. Foi um momento muito especial em que rezamos, lemos, e manifestamos o desejo de que a crise seja ultrapassada com acções de Paz e não por qualquer vingança isolada e desmesurada que nos leve por um caminho de mais guerra e terror.

Depois desses momentos já muitas águas passaram neste rio caudaloso que é a vida mundial, já outras guerras se fizeram para combater uns e os outros.
No entanto a injustiça global desta Terra, a falta de diálogo construtivo que impeça a guerra, não mudou, e nem parece para aí caminhar.
Entretanto outros povos continuam lançados na incerteza do futuro, os afegãos, os iraquianos, os palestinianos, os israelitas, os guineenses, os sãotomenses, e tantos outros, que por serem dispensáveis, ainda não ouvimos falar deles.
Mas de lamentações está esta Terra cheia.
Creio que importa interrogar agora, é qual o papel que cada um de nós, individualmente e nos grupos em que nos movimentamos, passamos a desempenhar para alterar este estado de coisas.
O mais fácil é dar uns bitaites, uns posts sobre o que os outros, os americanos, os ingleses, os árabes,…, deveriam ter feito e não fizeram.
ajp

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