CRÓNICAS DE ANGOLA I
Uma amiga minha, a Rosarinho, voltou a Angola, para aí trabalhar no âmbito de uma ONG (Organização não-Governamental).
Mas quando se regressa, a um país como Angola, há sempre coisas novas a descobrir.
Foi isso que ela me transmitiu e e que a seguir se publica. Cá ficamos à espera de outras crónicas.
Retrato: Criança de-balde
A menina parece ter uns cinco anos. Linda. Muito magra.
Vai a subir, pelo passeio explodido por raízes de árvores e inundado de pessoas. Arrasta a custo um balde grande cheio aparentemente de papeis higiénicos e quejandos, usados.
Um balde que veio com certeza de uma qualquer “casa de banho de senhoras”.
O que raio faz uma catraia tão pequena com uma merda de um balde destes?
Quando chego à interrogação é tarde: há bastante gente nos dois sentidos, a
subida em que ela se esforça e a descida em que vou embalada (mais parecemos
filas opostas de carros); e palpita-me que o espalhafato de uma branca a correr feita tonta atrás dela pode não ser exactamente o que faz falta a esta criança.
Não consigo portanto fazer nada.
Não me sai da cabeça, ela.
Durante este tempo de chegada, instalação provisória na casa de trânsito e
encontros vários.
Durante estas três semanas de recepção super eficiente e simpática, e início de inserção.
Neste bom começo de trabalho e no reencontro com a tropical húmida
envolvência, com Luanda tão melhor e tão pior que há seis anos.
No meio de algumas dificuldades iniciais nas comunicações (ex: este texto,
escrito há mais quinze dias sem que o tenha ainda conseguido enviar… apesar das muitas tentativas!), contrapostas aos incríveis sistemas de comunicação;
e até nos esforços de habituação (“gestão”, poderíamos dizer) aos níveis de
ruído nalgumas situações.
Ela não me sai da cabeça.
Rosário Advirta
Mas quando se regressa, a um país como Angola, há sempre coisas novas a descobrir.
Foi isso que ela me transmitiu e e que a seguir se publica. Cá ficamos à espera de outras crónicas.
Retrato: Criança de-balde
A menina parece ter uns cinco anos. Linda. Muito magra.
Vai a subir, pelo passeio explodido por raízes de árvores e inundado de pessoas. Arrasta a custo um balde grande cheio aparentemente de papeis higiénicos e quejandos, usados.
Um balde que veio com certeza de uma qualquer “casa de banho de senhoras”.
O que raio faz uma catraia tão pequena com uma merda de um balde destes?
Quando chego à interrogação é tarde: há bastante gente nos dois sentidos, a
subida em que ela se esforça e a descida em que vou embalada (mais parecemos
filas opostas de carros); e palpita-me que o espalhafato de uma branca a correr feita tonta atrás dela pode não ser exactamente o que faz falta a esta criança.
Não consigo portanto fazer nada.
Não me sai da cabeça, ela.
Durante este tempo de chegada, instalação provisória na casa de trânsito e
encontros vários.
Durante estas três semanas de recepção super eficiente e simpática, e início de inserção.
Neste bom começo de trabalho e no reencontro com a tropical húmida
envolvência, com Luanda tão melhor e tão pior que há seis anos.
No meio de algumas dificuldades iniciais nas comunicações (ex: este texto,
escrito há mais quinze dias sem que o tenha ainda conseguido enviar… apesar das muitas tentativas!), contrapostas aos incríveis sistemas de comunicação;
e até nos esforços de habituação (“gestão”, poderíamos dizer) aos níveis de
ruído nalgumas situações.
Ela não me sai da cabeça.
Rosário Advirta
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